Depoimento de uma Leonina: Hellen Brito


Bom, a relação entre o Fortaleza e eu começou bem antes do meu nascimento. Meu avô era um torcedor fanático, porém pela vida dura que tiveram, passou grande parte da vida ouvindo o jogo pelarádio e minha mãe, desde pequena, ficava escutando junto dele, aí dessa forma ele passou a paixão para ela. Por sorte meus pais não me “obrigaram” a escolher um time, porque a aliança deles foi feita entre uma tricolor e um alvinegro. Depois de uma certa idade eu simplesmente me considerei Tricolor de aço, assim do nada. E foi mesmo do nada. Porque meus amigos, grande maioria, não partilhavam desse amor em três cores e sempre tentaram me induzir a acreditar em outro sentimento. No qual nunca conseguiu aflorar. Incontáveis vezes que recusei ir ao estádio com bandeiras de duas cores. Incalculáveis vezes que ligações eram perdidas, que mensagens não eram respondidas e convites não eram aceitos. Assim passei a seguir o Leão, do qual não me arrependo até hoje.

As pessoas perguntam como eu comecei a gostar do Fortaleza, porque, quem me incentivou. Mas elas teriam as respostas se eu perguntasse por que elas amam os pais? Os irmãos ou os amigos? O Fortaleza, para mim e para muitos torcedores, é um ente querido, alguém que não se pode abandonar. Mas confesso que o amor “a primeira vista” foi pelas cores: vermelho, azul e branco, que me fascinaram.

Alguns se aproximam do time por que as vitórias são consecutivas, porque um time que entra em campo certo de que vai ganhar é melhor do que torcer por outro que vem perdendo desde o começo do campeonato. Pois eu digo que a primeira vez que tive contato próximo mesmo, foi em 2006 quando perdemos o tetra. Lembro que eu ainda não tinha nenhuma blusa do Fortaleza e eu perturbei a minha mãe, que na época fazia crochê, para fazer uma tricolor. Bom, deu trabalho, mas ela fez. Sentei na frente da Tv ciente que ganharíamos mais aquele titulo. Decepção. Chorei por horas. Até que um vizinho engraçadinho soltou fogos. Desde aquele dia, não consegui mais tirar da cabeça que muitos existiam para derruba-lo e que eu, como muitos que hoje existem, éramos encarregados de ajudá-lo a vencer novamente.

E com o presente divino, consegui fazer parte do grupo “Stellas”. Realização de um sonho, poder acompanhar o Fortaleza tão de pertinho. Fiz amizades, concretizei sentimentos e a cada dia passei a amar mais, incondicionalmente, as três cores que carrego comigo desde criança. Presenciei vitórias emocionantes, derrotas amargas, viradas históricas. Tive que dar “a cara a tapa” a cada coreografia nova, a cada pirâmide difícil, a cada vaia da torcida rival. Mas tudo isso valeu a pena e vale até hoje. E se alguém me perguntasse, se me arrependo de algo que fiz para ajudar ou melhorar o Fortaleza, essa pessoa teria a resposta imediata: “Não, cada segundo, cada escolha, cada momento, foram únicos. E nada no mundo compraria ou se compararia ao que sinto por esse universo tricolor.”.

Hoje como “Leonina” resumo um pouco da minha história com o maior e mais bonito clube de futebol cearense. Obrigada.

 
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